quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Hoje



Eu hoje acordei sem tempo para me olhar no espelho e descobrir quem eu era, estava com pressa e nem sabia ao certo o porquê, não havia um destino a ser alcançado e nem relógios que denunciassem um possível atraso. Havia apenas uma vontade enorme de gostar mais de mim, de cuidar mais de mim, de ser aquele que eu esperava que os outros fossem para mim.
  Eu hoje inclusive decidi não mais esperar, eu sei que soa impaciente da minha parte, mas sinceramente prefiro ir de encontro ao nada a ter que esperar por essas coisas que nunca vem. E eu decidi tanta coisa hoje, desse tipo de coisa que a gente decide e depois esquece, sabe? Mas dessa vez eu gostaria de não me esquecer, eu gostaria de me lembrar para que eu pudesse dar continuidade nessa tentativa de ser feliz.
   Eu hoje revi várias fotos para tentar identificar aonde foi exatamente que eu me perdi, eu queria um sinal, alguma mudança em minha expressão, respostas...
   Foi então que eu percebi que estava procurando no lugar errado, eu não poderia me encontrar em nenhum lugar do passado, pois ainda que hipoteticamente eu me encontrasse, aquele não seria eu.
   Eu hoje evitei pensar no futuro, talvez eu pague um preço alto por isso, mas acontece que eu estou cansado de criar planos que nunca se concretizam, foram tantas frustrações consecutivas, tantas promessas que foram ditas da boca pra fora, que até mesmo a minha determinação taurina ficou ligeiramente abalada.
   De qualquer forma, eu ainda não desisti de viver o meu hoje, preciso vivê-lo em plenitude para que ele não se torne mais um Ontem que eu tento em vão esquecer. Eu preciso me arriscar mais, errar mais e entender de uma vez por todas que algumas coisas a gente só aprende na prática.
   Eu hoje não dormirei mais agarrado ao celular verificando a cada 5 em 5 minutos se alguém me ligou ou mandou mensagem. Eu farei as minhas ligações, sairei de casa ao encontro do acaso e deixarei o vento despentear o meu cabelo da forma que ele achar melhor.
   Eu hoje serei diferente de tudo aquilo que um dia eu fui, e eu já fui tanta coisa...  Eu quebrarei minhas próprias regras, transgredirei meus pensamentos, me sentirei diferente, e isso fará do meu hoje ser único.
   Seguirei o que achar que devo sem precisar prestar satisfações a minha consciência, com a possibilidade de mudar de caminho quando bem entender, sem que eu tenha que explicar a todos os meus movimentos ou as minhas vontades.
 O meu hoje será diferente do meu ontem, e eu poderei até me arrepender dele no futuro, mas por hora ele será intenso como tem que ser. Imperfeito como tudo o que toco. Ele será assim como quer que seja... Um hoje que eu possa chamar de meu, meu e de mais ninguém.

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